quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Censo, a Pobreza e os Políticos

Faz mais de uma semana que estou estudando os dados do CENSO. Estou preocupado. Muito preocupado.
Estou estudando os dados da Extrema Pobreza. Primeiro vale ressaltar que o governo federal foi muito conservador em dizer que vive na extrema pobreza quem ganha 1,25 dólar dia. Não é o melhor modelo. E se o dólar subir para R$ 3,00? O Número de pessoas na extrema pobreza dobra?
Marcelo Garcia
O que mais me chama atenção neste momento é o silêncio dos políticos. Todos estão em silêncio obsequioso sobre a questão da extrema pobreza. Situação e oposição seguem sem um projeto claro para debater os dados do censo e da extrema pobreza.
O deputado Ambientalista Zéquinha Sarney não tem uma opinião sobre o fato de 25,74% da população do Maranhão ser miserável? São 1.691.183 brasileiros que vivem na miséria. Ele luta com tanta gana pelo meio ambiente, mas não sabe defender a vida de pessoas que morrem de fome em seu estado. E vale dizer que sua família Sarney manda no Maranhão. Sua irmã é governadora pela quarta vez.
E o senador Eduardo Braga? O que ele nos diz sobre os 18,64% de Amazonenses que vivem na Extrema Pobreza. Ele foi governador por duas vezes. Esta questão não foi uma prioridade?
E o senador Renan Calheiros, o que tem a nos dizer sobre a tragédia social em Alagoas? Nada a dizer sobre os 20,30% de miseráveis em Alagoas?
E o PT do Acre? Estão na quarta gestão estadual e lá são 18,21% de pessoas vivendo na extrema pobreza. O que diz a ex-ministra Marina Silva sobre a extrema pobreza no seu Estado. Foi senadora por 16 anos. Vai ficar só falando de verde? E da Vida, silêncio?

Na Bahia, vivem 2.407.990 brasileiros na extrema pobreza. É muito grave. Mas não teve ninguém tratando do assunto. Eu disse dois milhões, quatrocentros e sete mil e novecentos pobres. E o PT da Bahia ? Silêncio.
Quem vai chamar atenção no Congresso sobre a grave crise que é a pobreza rural no Brasil? Estamos diante de um enorme problema, pois temos 46% dos miseráveis vivendo no campo, mas apenas 15% da população vive no campo.
E os políticos de São Paulo e Rio de Janeiro? Vão tratar da urgência de uma ação para enfrentar a miséria urbana? Mais de 90% dos pobres destes estados estão nas áreas urbanas?
E sobre os 14 milhões de analfabetos no Brasil? O que podemos e o que devemos fazer nesta questão?
Infelizmente, a opção pelo silêncio é muito ruim. O Brasil deveria estar debatendo estes dados e estes problemas, mas não está. Os políticos preferem o silêncio, pois de fato não tem muito o que falar. O presidente do DEM, Senador José Agripino Maia, no dia 19 de maio vai fazer uma reunião da Executiva Nacional para tratar dos dados do Censo e da extrema pobreza no Brasil.
Sigo aqui em Minas trabalhando intensamente para acharmos 4,6% da população que vive na extrema pobreza. Os dados em Minas estão entre os melhores do Brasil, mas isso não significa que vou ficar em silêncio. Ao contrário, vou cair dentro e fazer muito barulho para tentar resolver com os mineiros este problema. Mesmo se fosse apenas um mineiro em extrema pobreza, eu não optaria pelo silêncio. Estamos indo de porta em porta e vamos continuar indo.
*MARCELO GARCIA é Assistente Social, Chefe da Assessoria de Articulação, Participação e Parceria Social do Governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia. marcelo@marcelogarcia.com.br

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