Antônio Paim |
No Brasil, devido à longa sobrevivência de tradição positivista, nem sempre se leva em conta essa distinção. O positivismo de Comte –que chegou a ser espécie de marca registrada da Republica, claramente expressa na bandeira– a ignora solenemente. Em consequência, tornou-se muito difundida a crença –mesmo em meios acadêmicos– de que é possível prever, com exatidão, o que ocorrerá no plano social.
O desenvolvimento econômico dá-nos, todos os dias, demonstrações eloquentes da inconsistência desse tipo de crença. Se a economia fosse uma ciência exata, inexistiriam países pobres. Desde o último pós-guierra, o Banco Mundial despejou recursos imensos em diversos países asiáticos e africanos. Deu certo em número limitado de nações, a exemplo dos chamados “tigres asiáticos”, origem de vasta literatura para explicar essa diferenciação. A mudança social é mesmo um tema recorrente entre os estudiosos, convivendo diferentes hipóteses explicativas.
Em que pese a necesidade de qualificar o nosso entendimento do tema, a prática da ciência política ocidental trouxe resultados expressivos, como espero demonstrar oportuinamente.
*ANTONIO PAIM é filósofo, seguiu carreira universitária no Rio de Janeiro. Atualmente desenvolve atividades de pesquisa em universidades, no Brasil e em Portugal e preside o Conselho Acadêmico do Instituto de Humanidades.
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